Da Folha Online
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou ontem uma intervenção do governo nas investigações sobre a Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Questionado sobre a suposta ilegalidade da participação de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na operação, o presidente disse que é preciso deixar que a Justiça siga o seu curso. "O governo não irá intervir", disse em Roma, pouco antes de concluir sua primeira visita de Estado à Itália. "Nós temos um processo de investigação e esse processo vai respeitar a normalidade jurídica do nosso país." Lula reiterou que seu governo respeitará a decisão da Justiça, caso ela determine que agentes da Abin participaram de forma ilegal da ação. Para o delegado da PF Amaro Vieira Ferreira, que investiga a conduta dos que trabalharam na Satiagraha, o acesso que agentes da Abin tiveram ao Guardião, sistema da PF que armazena interceptações telefônicas, configura "vazamento de informações" e viola a lei que trata do sigilo dos grampos (lei 9.296/96). Argumentando que a participação de agentes da Abin na Satiagraha é ilegal, a defesa do banqueiro Daniel Dantas, alvo maior da polícia, já pediu a anulação de todos os processos e inquéritos resultantes da operação. Pelo menos 62 agentes da Abin fizeram parte da Operação Satiagraha. "Se a Justiça determinou que a PF investigue gente da Abin, vai investigar, como investiga tanta gente no Brasil", afirmou Lula. "Eu tenho dito sempre que a única forma de as pessoas não serem investigadas e não terem seus nomes nas manchetes dos jornais é procederem corretamente." Policial O presidente criticou aqueles que acreditam gozar de privilégios e manifestou esperança de que as investigações sobre a Satiagraha sejam realizadas de acordo com a lei. "Se alguém acha que por ter um pouco de poder, seja um presidente ou um policial, está imune às investigações sobre atos que sobrepuseram a legalidade do país, essas pessoas terão que ser investigadas", disse. Lula disse que espera que todos os envolvidos nas investigações "cumpram com seu trabalho com a maior lisura e com a maior transparência possível". E insistiu em que não haverá interferência do governo. "Isso é uma questão de investigação policial", disse Lula. "E o governo não é policial."
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
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