sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Dois pesos e duas medidas. Sempre

Convido vocês a uma reflexão, uma análise do tratamento que a Folha de S.Paulo, as agências internacionais, enfim, toda a mídia, em geral, conferem à questão do terceiro mandato do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe. Que diferença em relação à cobertura dada a um hipotético terceiro mandato do presidente Lula e à eleições, consultas, plebiscitos e referendos relacionados ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez!

Lembram do escândalo que a mídia toda armou e os factóides que criaram no Brasil em torno desse assunto? Inventaram que o presidente Lula e o PT queriam o terceiro mandato e sustentaram isso por anos e anos em cima de nada porque o governo e o partido nunca tomaram uma única iniciativa nesse sentido. Moveram guerra semelhante contra os presidentes da Bolívia, Evo Morales; do Equador, Rafael Corrêa e não dão trégua nunca ao presidente Chávez.

Já em relação às iniciativas pró-terceiro mandato do conservadoríssimo prefeito de Nova York, Michael Bloomberg (Partido Republicano) nenhuma palavra contra. Cumpriu um mandato, reelegeu-se duas vezes, cumpre assim seu terceiro período de governo com a mídia - ele próprio um grande magnata da imprensa - numa postura que vai do aplauso ao silêncio conivente com a mudança que ele promoveu na legislação eleitoral de sua cidade para reeleger-se.

Também em relação a Uribe, tratam-no como estadista. Não dá para acreditar, mas é verdade! Vejam a notícia na Folha de S.Paulo hoje com o título higiênico, limpo: "Uribe defende referendo para terceiro mandato". A tônica do noticiário tem sido sempre essa quando se trata de reeleição e terceiro mandato de mandatários da direita. Já as notícias sobre terceiro mandato dos presidentes Lula, Morales, Corrêa, Chávez jamais tiveram títulos ou textos neutros. A começar que dificilmente manchetes e reportagens sobre o assunto, quando relacionadas a eles, são neutras. Os registros já são críticos e, de preferência, iniciados pelos ataques dos seus opositores. Que parcialidade, que vergonha!

A Corte Constitucional da Colômbia divulgará entre hoje e amanhã sua decisão a respeito da proposta de referendo nacional para deliberar se Uribe poderá ou não disputar o terceiro mandato na eleição de maio deste ano. A proposta de referendo foi aprovada por Uribe em meio a denúncias de compra de votos num Congresso em que nada menos que 33 parlamentares (a maioria uribista) foram afastados sob a acusação de ligação com grupos paramilitares e com o narcotráfico. Grande parte do governo Uribe caiu, foi processada e até presa pelas mesmas acusações.

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